Nas novelas de Balzac e os versos de Drummond de Andrade quase não é notada a ironia nas palavras, e com gelo vai minando a percepção do leitor desatento e que vai gerindo com normalidade a ética do sofrimento. Sofrer é também ético e sóbrio, é delicado todos os dias falar de sofrimento. O sofrimento traz com julgo nostalgia e mantém o prazer. E com prazer que o neurótico vai levando todo o sabor do sofrimento. E dele que ele precisa pra se queixar de tudo que senti. É quase que ele o neurótico, ajoelha pedindo o sofrimento a sua volta se caso desconfia que ele está preste a acabar. Recorrer a outros artifícios também é provável que a busca pode acontecer.
Mas aqui o leitor atento que percebe a ironia de quem escreve vai deixando o sofrimento imaginado pelo leitor desatento, e vai rindo do que encontra em si semelhança. Rir em silêncio, rir com seriedade mas aliviado em saber que encontra no sofrimento e em qualquer circunstância a irônica feição do dia a dia.
Em Balzac principalmente, começar a amar e admirar a dor é sempre possível. Não somente a dor em amar, mas também o cotidiano estarecedor, angustiante, supérfluo, desonante e precário, anormal e fútil. Alimentar a dor e escolher em si própria a convivência e manter as mãos juntas, não é somente sacrifício, é também a prova que ela mesmo detestável é legítima.
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